sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sobre Escrever 2

Escrever me liberta.
Quando escrevo, baixo a guarda.
Deixo o outro chegar mais perto.
Permito que me veja por dentro.

Quando escrevo, destranco meus portões.
Libero uma ponte de acesso.
Revelo a sala de estar da minh'alma.

Quando escrevo, não redijo textos.
Não há palavras, nem fonemas.
Existe apenas eu:
Minha carne, minha face, meu cerne.

É possível ouvir sussurros de gozo.
Escutar gritos de agonia.
Esturricar sob meu Sol de alegria.
Ou se afogar na enxurrada de paixões.

Porque, quando escrevo, confesso pecados.
Desvendo desejos.
Projeto amores.

Ponho me nua, sem escudos, muros ou fortalezas.
Ponho me crua, sem ataque, sem defesa.

Autorizo ao leitor que me decifre o espírito.
Dou uma amostra de meu território.
Onde sou livre, autêntica.

Por me divulgar de forma tão transparente,
Acabo por doar, mesmo contrariada,
Parte dessa liberdade que tanto me apetece.

(02/01/11 - 21:00)

Nenhum comentário: